Volta nas escolas privadas no DF é marcada por cuidados e poucos alunos
Retorno presencial será feito de modo escalonado. Sindicato diz que expectativa de somente 30% dos alunos deve ser confirmada
Depois de longas discussões judiciais, escolas particulares do Distrito Federal retomam as atividades presenciais nesta segunda-feira (21/9). Seguindo o calendário de retorno, voltam às aulas agora os estudantes da educação infantil e do ensino fundamental 1.
Neste primeiro momento, o movimento de alunos ficou dentro da expectativa do Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino do DF (Sinepe-DF). Nas escolas em que a reportagem esteve na manhã desta segunda-feira (21/9), poucas crianças compareceram. Também foi observado os cuidados para evitar o contágio do novo coronavírus, desde a entrada nos colégios.
Conforme espera o Sinepe, apenas 30% dos estudantes devem voltar às aulas presenciais no momento. Além disso, somente 25% das unidades devem reabrir, apesar de as 570 instituições privadas do DF estarem autorizadas.
O cronograma de retorno foi aprovado em 24 de agosto. Por meio de audiência de conciliação virtual, entidades representativas das escolas e dos docentes da rede pública definiram a volta às aulas a partir de 21 de setembro para a educação infantil e o ensino fundamental 1, enquanto o ensino fundamental 2 retorna em 19 de outubro. Já o ensino médio e os cursos profissionalizantes retomarão as classes presenciais em 26 de outubro.
Menos profissionais
Na 914 Norte, o Centro Educacional Pia Máter amanheceu praticamente vazio. O Metrópoles esteve no local por volta das 6h40 e, no tempo em que a equipe esteve em frente à instituição, poucos pais chegaram para deixar os filhos.
De acordo com Leila Maia, diretora da unidade de ensino, o colégio oferece aulas para creche, educação infantil e ensino fundamental 1. Ao todo, são 460 alunos. “Mas, hoje, nós temos confirmação do retorno de 72 crianças nos dois turnos”, disse.
Com a baixa quantidade de alunos, ela conta que a escola também precisou reduzir o número de profissionais que retornam nesta segunda-feira (21/9). Apesar disso, Leila garante que toda a equipe que está de volta está preparada para a nova rotina.
“Vamos aferir a temperatura na entrada e preparamos as crianças para o uso da máscara. Nós temos um termômetro por equipe e ainda montamos um comitê de fiscalização do uso do equipamento no trabalho”, revelou.
As aulas estavam previstas para comecar às 7h15. A professora Tássia Regina Sousa Barroso, 35, é mãe da aluna Ana Sofia Sousa, 6 anos. Como funcionária da escola, a docente conta que se sentiu segura em permitir que a filha voltasse à classe, uma vez que conhece os cuidados que estão sendo tomados pela instituição.
“Desde a primeira vez que iríamos retornar, já vimos que a escola está bastante preocupada com a saúde de todo mundo, das crianças e dos funcionários. Eles mudaram toda a estrutura para dar esse apoio”, afirmou a mãe da aluna do 1° ano.
A médica Áurea Machado, 36, se emocionou ao deixar a filha Alice Machado Moser, 5, na escola nesta segunda-feira (21/9). “Depois de seis meses, eu até fico emocionada em deixá-la de volta”, disse, com lágrimas nos olhos.
“A escola é muito mais que um currículo, é socialização. Ensino a distância não existe para criança. O meu filho mais novo eu precisei trancar [a matrícula], porque era muito difícil”, completou.
Cenário se repete
Ao lado, o Colégio Arvense recomeçou as aulas presenciais às 7h20. Assim como no Pia Máter, foram poucos os estudantes que compareceram.
A instrutora de dança Rany Luna, 34, deixou o filho Murilo Luna, 5, na escola antes do começo da aula e disse que o pequeno estava animado para rever os amigos. “Nós, geralmente, chegamos atrasados, mas hoje, ele acordou sozinho e fomos uns dos primeiros”, comentou, com risadas.
“Essa escola sempre acolheu bem as famílias. Nós ficamos um tempinho mesmo afastados de tudo, mas agora as pessoas já estão retomando as atividades e acho que já é o momento de voltar para a escola também”, considerou a mãe do aluno do infantil 4.
Márcia Nogueira, diretora da escola, disse ao Metrópoles que a unidade de ensino fez um plano de retorno para funcionários e pais, explicando sobre as mudanças em salas de aula e os cuidados a serem tomados para evitar contaminação pelo novo coronavírus.
Ao chegarem na escola, os alunos fizeram uma fila no portão para que entrassem um por vez. “E, na saída, o pai avisa por aplicativo que está chegando, como no Uber, aí entregamos a criança na porta”, explicou.
Ao todo, no colégio, são 500 estudantes de até 10 anos. No entanto, apenas 30% voltam às aulas presenciais, segundo Márcia. Assim, os professores buscarão fazer dinâmicas para promover “mais momentos positivos”. Uma delas, é a árvore dos desejos.