Brasilienses procuram passear em locais com segurança para desestressar um pouco
Moradores do Distrito Federal buscam passear e relaxar com segurança, apesar da pandemia. A procura é por locais sem aglomeração e, sempre, seguindo as medidas de proteção contra o novo coronavírus
Após cinco meses de isolamento social, o brasiliense tem retomado atividades nas ruas e locais públicos gradualmente. Para relaxar um pouco durante a pandemia de covid-19, muitas pessoas procuram locais sem aglomeração para o lazer e também poder descansar, mas sempre com segurança.
Durante a semana, é mais fácil encontrar locais públicos com pouca gente. Parques e áreas como a orla do Lago Paranoá tendem a receber mais pessoas no fim de semana. Em dias úteis, no entanto, as áreas estão pouco ocupadas e podem proporcionar mais tranquilidade para quem busca um local, ao ar livre, vazio.
A estudante de balé clássico Alana Sequenzia Deeter, 31 anos, ensaia, há duas semanas, coreografia para a apresentação que gravará com seu grupo no Parque Ecológico Dom Bosco — não poderão apresentar em um teatro, como antes da pandemia. No início da crise sanitária, com a suspensão das aulas no estúdio de dança, elas continuaram treinando remotamente; mas, agora, precisam praticar a mostra que será exibida no Cine Drive-In.
“Precisávamos de um local seguro para ensaiar. A gente não está acostumado: o chão aqui não é apropriado e ainda tem o sol. Mas, apesar disso e do calor, a gente se adaptou bem. Conseguimos ensaiar aqui tranquilamente mantendo a segurança”, explica a dançarina.
A professora Juliana Nobre, 33, que acompanha o grupo, explica que as medidas de proteção são tomadas tanto dentro da academia de dança, quanto ao ar livre. “A gente indica para os alunos que queiram vir ensaiar aqui, que tenham esse cuidado de estar sempre ensaiando de máscara; e a não ficarem muito perto”, assegura.
Ar livre
David Alves e a esposa, Caroline, também têm buscado soluções para canalizar a energia da filha Maria Flor, de quase 2 anos. Como eles moram em apartamento, no Núcleo Bandeirante, a família busca locais arejados onde ela possa brincar livremente. Acabaram divertindo a pequena na Orla do Lago Paranoá, próxima à Concha Acústica.
“A gente evita, ao máximo, qualquer aglomeração, mas tentando, também, dar um pouquinho de liberdade para ela. Acredito que aqui, nessa orla, por ser dia de semana e por ser aberto, com vento e água, fica mais seguro. Nunca dá para ter 100% de certeza de nada, mas acredito que o risco seja bem menor”, avalia o administrador de empresas.
No local, o representante comercial Anderson Nunes, 47, também estava buscando manter a forma durante o período de isolamento social. O morador da Vila Planalto frequenta a região três a quatro vezes na semana para nadar e caminhar. “Logo no começo, eu fiquei confinado. Mas, depois que passaram-se quatro meses, a gente começou a sair um pouquinho, sempre com cuidado. Estou sem máscara, agora, porque acabei de sair da água, mas já vou colocar”, explica.
Proteção
Médica da Sociedade de Infectologia do Distrito Federal, Valéria Paes destaca que todas as medidas de segurança precisam ser mantidas. No entanto, ela percebe que, devido à extensão do período de isolamento social, o confinamento domiciliar tem se tornado menos viável, uma vez que as pessoas têm queixas sobre saúde física e mental. Para aliviar um pouco a tensão, no entanto, a infectologista recomenda atividades individuais e locais abertos, que dificultam a transmissão do vírus.
“Em locais abertos, temos uma ventilação natural e isso favorece que haja menos transmissão. Nesses ambientes abertos é mais fácil manter a distância mínima de dois metros entre as pessoas. Mas, tem que ter cuidado. Por exemplo, uma feira, um local aberto que tenha aglomeração, pode ser um local de risco”, adverte a médica.
De acordo com a superintendente do Instituto Brasília Ambiental (Ibram), Rejane Pieratti, o parque de Águas Claras, a Ermida Dom Bosco e o Parque Olhos D’Água são os que mais recebem visitantes. Ela lembra os moradores do DF da existência de outros parques contemplativos. Essas áreas não têm infraestrutura, por enquanto, mas podem ser uma boa opção para quem procura ambientes menos frequentados.
O Parque Distrital das Copaíbas, localizado entre as QIs 26 e 28 do Lago Sul, tem 4,2km de trilha rústica de cerrado, para quem quer entrar em contato com a natureza. Outra opção é o ARIE do Bosque, em frente ao Pontão. O acesso a ele é somente por pedestres e fica na orla, local ideal para contemplação do lago.
Ela avalia, no entanto, que tem sido possível manter o distanciamento social também nos demais parques. “As pessoas estão visitando, mas não tem sido como antes da pandemia. A redução na visitação ainda existe”, analisa a superintendente.
Vigilância
As medidas de segurança destes locais, determinadas em decreto do governador Ibaneis Rocha, são o uso obrigatório de máscara e distanciamento entre pessoas. Nos parques administrados pelo Ibram, estão proibidos o uso dos equipamentos e atividades coletivas, utilização de banheiros, bebedouros e realização de acampamentos.
Em nota, a secretaria DF Legal informa que está fazendo vigilância sanitária de ambientes públicos, seguindo a lei. Segundo a pasta, entre 23 de março e 16 de agosto foram vistoriados 488.555 estabelecimentos, sendo 67 em shoppings e 4.411 em feiras. Destes, 23.897 foram fechados; 212, multados; e 1.415, interditados.
Especialistas alertam, no entanto, que a medida mais eficiente de combate ao coronavírus ainda é ficar em casa. Se sair for inevitável, no entanto, proteção é fundamental. “A forma mais segura de sair de casa é sempre tomando as medidas de proteção: evitar ao máximo aglomeração, guardar distanciamento social e ninguém pode abrir mão, nesse momento, do uso de máscara. Evitar aglomeração é o fator mais importante para os cuidados”, esclarece a médica Eliane Bicudo da Sociedade Brasileira de Infectologia.